No falso pressuposto de que haja Médiuns e Mediunidades mais importantes entre si, recordemos a velho apólogo que Menênio Agripa contou ao povo amotinado de Roma, a fim de sossegar-lhe o espírito em discórdia: “Se o cérebro, por reter a ideação fulgurante, desprezasse o estômago ocupado na tarefa obscura da digestão, a cabeça não conseguiria pensar, se os olhos, por refletirem a luz, declarassem guerra aos intestinos por serem eles vasos seletores de resíduos, decerto que, a breve tempo, a retina seria espelho morto nas trevas, e se o tronco, por sentir-se guindado a pequena altura, condenasse os pés por viverem ao contato do solo, rolaria o corpo sem equilíbrio. E de nossa parte, ousaríamos acrescentar à antiga fábula que tudo, no campo de seqüência da natureza, é solidariedade e cooperação.
Se os braços desaparecem, os pés se fazem mais ágeis, em sobrevindo a surdez, acusa o olhar penetração mais intenso, se a visão surge apagada, o tacto mais amplamente se desenvolve, se o braço é extirpado, a medula óssea trabalha com mais afinco, de modo a satisfazer as necessidades do sangue.
Qual acontece no mundo orgânico, a Doutrina Espírita é um grande corpo de revelações e de bênçãos, no qual cada médium possui tarefas específicas. Esse esclarece, aquele consola. Outra pensa feridas. Aquele outro anula perturbações. Esse incorpora sofredores angustiados. Aquele transmite elucidações de instrutores devotados à grande beneficência.
Outro recebe a palavra construtiva. Aquele outro se incumbe da mensagem santificante. Como é fácil observar, o passe curativo é irmão da prece confortadora a desobsessão é o reverso da iluminação espiritual e o verbo fulgente da praça pública é outra face do livro que o silêncio abençoa.
Em nossa esfera de serviço, portanto, já que prescindimos do profissionalismo religioso, não existem médiuns-pastores, médiuns-gerentes, médiuns-líderes ou médiuns-diretores, porquanto, a cada qual de nós cabe uma parte do grande apostolado de redenção que nos foi atribuído pela Espiritualidade Maior.
Se todos nós, em conjunto temos um mentor a procurar e o ouvir de maneira especialíssima, no plano da consciência e no santuário do coração, esse Mentor é Nosso Senhor Jesus Cristo: - O Sol do Amor Eterno – a cuja luz, no grande dia de nossos mais altos ajustamentos, devemos revelar em nós mesmos a divina essência da sua lição divina: “A cada qual por suas obras”.
Página recebida por Francisco Cândido Xavier.
Do livro O ESPÍRITO DA VERDADE